quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sobre Morrer

Eis o grande momento da vida, o seu fim.
Estamos inutilmente condenados à morte, tendo em vista que quase sempre nos matamos de uma forma ou de outra e nos temos como mais um para o passado, mas, não é aí que quero chegar.

Na vida, na longa jornada da história solitária de cada um, perguntamos uns aos outros, a cada segundo, o que virar, depois da morte.
Passamos a vida imaginando o que vai acontecer com nosso corpo, com nossa mente, com nossa alma. Preocupados se conseguimos viver o suficiente, se superamos nossos medos ou realizamos nossos sonhos.
Admirados com nosso orgulho que vai ao fundo do mais profundo abismo ao nos deparar com a idéia de finitude criamos idéias como essa, idéias de "Vida após a morte".
A maioria das pessoas não aceita o fato de que estamos fadados à um fim. De que vamos acabar no mais completo escuro e não teremos consciência disso, e dentro desse escuro não vai existir nenhum tipo de recordação, um lapso de raciocínio ou um movimento qualquer. Não é fácil passar por cima do egoísmo que reina sobre todos e nos ver como nada mais do que um animal que se apaga, que uma vela que morre.
Não culpo a ninguém por isso, nossa existência é resumida (obviamente) à toda uma vida direcionada para nós mesmos. Tudo que acontece ao nosso redor sempre no fundo do nosso ego se relaciona a nós, tudo o que vemos fica marcado de algum modo e fazemos aquilo um pouco de nós para logo após inverter a situação nos impondo acima da situação, em um exemplo claro, não é mais "um quadro do museu" é "um quadro que EU vi no museu". Fazemos de nossos problemas um cataclismo e contamos a todos o grande desastre que é a nossa vida. Fazemos de tudo um motivo para o mundo girar ao nosso redor, tudo, então, porque não a morte?

Qual o sentido de viver tudo isso para no fim ser apenas "o fim", sem conforto, sem 1001 virgens, sem Deus?
O que estamos fazendo nessa vida, sofrendo tanto, com tantos problemas e preocupações se no final tudo se resumirá a um grande nada?

Mas antes dessas perguntas, qual o sentido em pensar que estamos fazendo algo para merecer uma recompensa? Ninguém nos disse que tudo isso era algum tipo de teste, ninguém nos disse que a vida era uma "longa jornada pela felicidade", disse?
Não estamos aqui para provar que merecemos os portões do céus ou o mármore em chamas do inferno. Não estamos sobre a juridição de uma mente superior que julgará no fim aqueles que fizeram certo ou errado por que simplesmente não somos diferentes dos animais, das plantas ou de qualquer outra coisa para no fim da vida ter algum tipo de tratamento diferente.
Alguns ainda argumentam que em outras vidas passadas também fomos animais e que estes são na verdade, almas de homens e mulheres que morreram e vice-versa, porque isso trás todos ao mesmo patamar, será? Não é, ainda, egoísmo da nossa parte, e burrice ao mesmo tempo, depois de ter a nós mesmos como centro do universo fingir estarmos todos no mesmo nível que animais e plantas?

Só quando minimizarmos nossos egos e aceitarmos que nada disso é algum tipo de tarefa que mereça recompensa, que nada nos faz acima dos animais para merecer reencarnar e nada os faz abaixo de nós para merecer ser considerados "vidas passadas". Só quando pararmos de nos ver como algo obviamente importante no planeta vamos perceber que "vida após a morte" é só mais uma desculpa para esquecer o quanto somos pequenos.
Aceite esse fato ou não, vamos todos morrer, apagar, e não haverá recompensa além de que vermes farão a festa sobre nosso cadáver. Se isso não serve de consolo, procure alguma religião que te dê conforto e um mar de prazeres após a vida como todos fazem. Quem liga?

domingo, 20 de julho de 2008

Precisa-se da Eternidade novamente

Voltando à ativa...

Vamos de novo olhar para nosso mundo do saco plástico e refletir sobre um ponto crucial na horda de patricinhas e modistas que nos infestam, parabéns para todos, surgiu a moda e o ideal do "está bonito para hoje e é feio para o amanhã".
De maneira mais clara e objetiva, agora temos sempre uma linha de roupas, músicas e tendências para seguir que vão de acordo com a época e o momento.
Entenda por "agora" os dias recentes de nossa existente jovial, algo distante da fase adolescente de nossos pais e avós onde a moda caminhava junto com a tecnologia, ou seja, existia, mas só pra completar a vida assim como orégano (não fumado) na pizza ou as platinhas verdes do jardim que só percebemos depois que estão grandes demais.
Enfim, hoje temos a cada instante, novas tendências, estilos diferentes de moda que vão desde à sapatilha com meias coloridas até laços coloridos e ridículos na cabeça. Hoje temos as "bandas que fazem sucesso imediato" e morrem na mídia depois do segundo cd. Temos uma legião de artistas geniais que estreiam suas cenas épicas e brilhantes e caem depois de se descobrirem não tão geniais assim.
Nossa "moda", nossas "tendências", nossas estrelas famosas que brilham como fogo em palha e se acabam com pequenas fagulhas que o mais próximo observador nem notou, trazem à tona um problema: nos tornamos pessoas "enjoadas". A moda corre cada vez mais rápida e com isso enjoamos cada vez mais rápido dela mesma, por isso o ciclo cada vez mais intenso e curto para cada nova tendência. Por isso surgem tantos músicos que caem no esquecimento após o sucesso imediato de um hit ou dois. Porque enjoamos logo e precisamos de algo novo e diferente. Precisamos de uma música de amor nova para chorar um amor novo, precisamos de uma dança nova porque a anterior já tocou mais de duas vezes. Precisamos, precisamos...

Precisamos de algo eterno novamente. Precisamos de algo que dure, e o problema é achar esse "algo".
De uns tempos pra cá, não surgiram novos Pelés, novos Led Zeppelins nem novos Bill Gates para revolucionar o mundo e marcá-los eternamente, seja nos esportes, deixando todos boquiabertos ao ver um passe ou movimento que nos fazem ver o verdadeiro futebol arte (que por acaso se perdeu também na moda), seja na música com os solos e ritmos inovadores e o uso de escalas e pentatônicas de maneiras diferentes (o que pouquíssimas bandas de "sucesso" hoje sabem o que significam), seja na tecnologia nos trazendo a possibilidade de transferir dados com velocidades inimagináveis antes do homem aprender que podia usar calor para fazer energia.
Precisamos de ídolos e heroís que durem pra sempre, porque nosso mundo "enjoado" já não aguenta mais um minuto se "renovando" a mudando o modo de transladar.

Precisamos só de algo que dure mais de duas semanas, ou não.

Talvez nem precisemos de algo "eterno", assim como os tolos, desculpe o termo, precisam de um Deus ou os mendigos, desculpe o termo novamente, precisam de comida, para se segurar, já que seus organismos são fracos demais para usar duas pernas de modo eficiente e se segurarem.
Talvez só precisemos de um pouco de vergonha na cara para segurar o que temos nas mãos por um pouco mais de dois segundos sem precisar usar a desculpa de "estou enjoado" para jogar fora antes de se apegar e dizer "até mais resto do mundo, é disso que eu gosto e não faço idéia de quando vou largar".
Talvez o mundo só precise disso.
Talvez não.
Quem liga?